Eu tive um sonho Que eu estava certo dia Num congresso mundial Discutindo economia
Argumentava Em favor de mais trabalho Mais emprego, mais esforço Mais controle, mais-valia
Falei de pólos Industriais, de energia Demonstrei de mil maneiras Como que um país crescia
E me bati Pela pujança econômica Baseada na tônica Da tecnologia
Apresentei Estatísticas e gráficos Demonstrando os maléficos Efeitos da teoria
Principalmente A do lazer, do descanso Da ampliação do espaço Cultural da poesia
Disse por fim Para todos os presentes Que um país só vai pra frente Se trabalhar todo dia
Estava certo De que tudo o que eu dizia Representava a verdade Pra todo mundo que ouvia
Foi quando um velho Levantou-se da cadeira E saiu assoviando Uma triste melodia
Que parecia Um prelúdio bachiano Um frevo pernambucano Um choro do Pixinguinha
E no salão Todas as bocas sorriram Todos os olhos me olharam Todos os homens saíram
Um por um Um por um Um por um Um por um
Fiquei ali Naquele salão vazio De repente senti frio Reparei: estava nu
Me despertei Assustado e ainda tonto Me levantei e fui de pronto Pra calçada ver o céu azul
Os estudantes E operários que passavam Davam risada e gritavam "Viva o índio do Xingu!
"Viva o índio do Xingu! Viva o índio do Xingu! Viva o índio do Xingu! Viva o índio do Xingu! "
Compositor: Gilberto Passos Gil Moreira (Gilberto Gil) (UBC)Editor: Gege Editora (UBC)Administração: Sony Music Publishing (UBC)Publicado em 2020 (29/Abr) e lançado em 2020 (30/Abr)ECAD verificado obra #27817 e fonograma #21504304 em 28/Out/2024 com dados da UBEM