O que será do cerrado? O coração, a caixa d'água do Brasil Tá cada vez mais seca do que já se viu A mais diversa das savanas do planeta De tantas plantas e animais, mais incompleta Nossa floresta mais antiga e anciã Ameaçada de não ter mais amanhã Façamos algo, rápido, façamos já! Pelo bioma que aos demais tanto se dá Por todo filho, todo neto, por amor! Por todo santo inseto polinizador! Por tudo quanto é sagrado!
O que será do cerrado Na mão de homens tão ingratos quanto insanos? Gerado há mais de sessenta milhões de anos Não há de ser em poucas décadas encerrado Nem tratorado nem queimado nem serrado Pela riqueza que o cerrado em si encerra Pelo pequi, a flor, o ipê, o céu, a serra Pela caverna, a cachoeira e o mirante! Pelo capim-dourado lindo, radiante Que nos alegra a melancólica visão De um mau futuro envolto agora em cerração Finalmente des-cerrado
O que vai ser do cerrado Vai depender De o deixarmos ser O cerrado
O que vai ser do cerrado Vai depender de muda na legislação Ou na derruba não vai ter alteração Pois o desmate que é legal, legal não é Permite que desmatem muito, não dá pé Oh não deixemos que o "agro-tudo" da boiada Degrade e mude quase tudo em quase nada! Pela nascente que ainda não morreu E o descendente que ainda não nasceu Por toda ação que regenera e que revive Por toda a fauna, toda a flora, inclusive Por todo grão, todo gado!
O que vai ser do cerrado Vai depender De o deixarmos ser O cerrado