cada vez mais plástico e menos água cada vez mais casca e menos substância o veneno apenas fortalece a praga e a nau da insensatez sem freio avança o passado já não traz aprendizado o futuro se tornou uma ameaça todo espaço está policiado e a conduta mais comum é a trapaça a caixa de pandora escancarada das redes liberou o ódio anônimo o medo é a arma mais usada e a pior derrota é o desânimo bem-vindo ao novo mundo que vai se desintegrar no próximo segundo os emojis são os novos hieróglifos não há como fugir dos algoritmos agora querem extinguir os livros por que será que ainda estamos vivos? certezas proliferam nas cabeças na cela de uma tela estão ilesas disparam sem parar nos olhos fixos os movimentos de milhões de pixels as vozes multiplicam seu alcance nos meets do onlyfans não tem romance ninguém mais compartilha a mesma história se tem o google para quê memória? bem-vindo ao novo mundo que vai se desintegrar no próximo segundo
o forasteiro se tornou um inimigo pra quem da ignorância se orgulha normalizando a fome e o desperdício a morte, a violência e a tortura não há como não saber das coisas coletivas e das intimidades mesmo sem querer, saber à força de todas as tragédias e futilidades
o fato é só mais uma narrativa na desinformação radioativa a água ferve no planeta terra não há como fugir dessa panela bem-vindo ao novo mundo que vai se desintegrar no próximo segundo